domingo, 13 de fevereiro de 2011

Novíssima Pasárgada.

Pessoas inseguras têm necessidade de justificar seus atos (penso que esta frase não é minha, mas de alguém do qual não me recordo, sendo assim ousei pensar que tenho o direito de abolir as aspas) e eu, insegura como sou, faço minha primeira postagem justificando o nome do blog. Nada mais justo que começar tal explicação com a origem de uma das palavras que compõem o título:

Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei um burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe d'água
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada.


Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide a vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar


E quando eu estiver triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
_ Lá sou amigo do rei _
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


[http://www.releituras.com/mbandeira_pasargada.asp]



Creio que este seja um dos meus poemas preferidos. Não digo "o" poema preferido apenas pelo fato de que, nas noites solitárias em que algum romancezinho me aflige, os poemas aos quais recorro estão todos na Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo. Algumas vezes mais às epígrafes que aos poemas... enfim. Tenho minha própria Pasárgada, inspirada na do Bandeira, e desde criança me refugio neste lugar imaginário. Prova disto é um poeminha meu, feito na infância/pré-adolescência ainda, chamado Sonhos e Devaneios:



Sonhos e Devaneios
Ou Poema Infantil


Vou viajar até Pasárgada
Ver meu velho amigo, o rei
Como princesa encantada
Com meu querido valsarei


E colherei a flor mais linda
Rosas ou flores de liz
E lutarei em mil batalhas
Só pra vencer e ser muito mais feliz


Vou em meus sonhos e devaneios
Para que os fins justifiquem os meios
E em meus sonhos e devaneios
Os últimos hoje, amanhã serão primeiros.


E no meu livro de leis
Todos nós seremos reis
E não haveriam problemas
Que não se resolvessem antes do mundo girar outra vez


Lugar assim tão carinhoso
Ninguém pode arquitetar
O meu refúgio é tão gostoso
Que se melhora, pode até estragar


Vou em meus sonhos e devaneios
Para que os fins justifiquem os meios
Pois em meus sonhos e devaneios
A esperança não é quem morre primeiro.




Daí surgiu o nome do blog, Nova Pasárgada, com a esperança de que aqui eu consiga escrever de uma maneira melhor do que nos últimos blogs/fotolog.

Boas noites!