quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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A seguir, um texto enviado por alguém que gosto muito e que lembrou de mim ao lê-lo. Também pudera, eu mesma me vi neste texto, rs.


Ante a cegueira e a miséria do homem,
diante do universo mudo, do homem sem luz, abandonado a si mesmo e como
que perdido nesse rincão do universo, sem consciência de quem o colocou
aí, nem do que veio fazer, nem do que lhe acontecerá depois da morte, ante
o homem incapaz de qualquer conhecimento, invade-me o terror e sinto-me
como alguém que levassem, durante o sono, para uma ilha deserta, e
espantosa, e aí despertasse ignorante de seu paradeiro e impossibilitado
de evadir-se. E maravilho-me de que não se desespere alguém ante tão
miserável estado. Vejo outras pessoas ao meu lado, aparentemente iguais;
pergunto-lhes se acham mais instruídas que eu, e me respondem pela
negativa; no entanto, esses miseráveis extraviados se apegam aos prazeres
que encontram em torno de si. Quanto a mim, não consigo afeiçoar-me a tais
objetos e, considerando que no que vejo há mais aparência do que outra
coisa, procuro descobrir se Deus não deixou algum sinal próprio.
O silêncio eterno desses espaços infinitos
me apavora.
Quantos reinos nos ignoram!

- Blaise Pascal